A herança cultural indígena na
vida do brasileiro está presente quase que em todos os momentos, é algo ás
vezes tão evidente que acaba por se passar como despercebido: Quem nunca
conheceu alguém chamado Ubiratan, Jacira, Iracema ou Cauã? Ou que já ouviu
falar em lugares com o nome de Tijuca, Itaipu, Ipanema, Jacarépaguá, Pavuna ou
Maracanã. Independe de onde se viva, em um grande centro ou em uma pequena
cidade, qualquer brasileiro já teve contato com a infinidade de palavras
herdadas após o legado indígena.
Em estudos conceituados,
historiadores afirmam que já existiam cerca de
5 milhões de índios nativos antes da chegada dos europeus, realidade que
não se reflete nos tempos modernos, onde calcula-se que existam apenas 400 mil
índios atualmente em território brasileiro.
As principais tribos dividiam-se
de acordo com a proximidade linguística ao qual pertenciam: tupi-guarani
(região do litoral), macro-jê ou tapuia (região do Planalto Central), aruaque
(Amazônia) e caraíba (Amazônia).
Mas não foi só na língua
portuguesa que tivemos influência indígena. Sua herança e contribuição para a
formação da cultura brasileira é evidente ao se falar em alimentos. A ligação
dos índios com a floresta, proporcionaram a descoberta de uma variedade enorme
de alimentos, como a mandioca, o caju, o guaraná, milho, batata-doce, o cará, o
feijão, o tomate, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o mamão, a erva-mate e o
guaraná, assim como subsequentemente surgiram as derivações desses alimento.
Outro benefício que herdamos da
intensa relação dos índios e a floresta é em relação às plantas e ervas
medicinais. O conhecimento da flora e das propriedades das plantas os fez
utilizá-las nos tratamento de doenças. Por exemplo, a alfavaca que tem função
antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo que é digestivo, antitóxico,
combate a prisão de ventre e pode ser usado também nas febres intermitentes
(que cessam e voltam logo) são descobertas dos índios utilizadas no nosso dia a
dia.
O artesanato também não
fica de fora. Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com
penas, sementes e escamas de peixe são utilizados em diversas regiões do país,
que sequer têm proximidade com uma aldeia indígena.
Segundo Chang Whan, pesquisadora
e curadora do Museu do Índio do Rio de Janeiro, embora nós tenhamos o costume
de separar a cultura indígena da cultura brasileira, essa dissociação não está
correta. “A cultura brasileira resulta da conjunção de muitas influências
culturais, inclusive temos todas essas contribuições dos índios, com a
influência na toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na
culinária e no tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais. Portanto,
não devemos fazer essa dissociação”, explica.
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